Perante uma das suas mais emblemáticas criações, os azulejos que revestem a Fundação Cupertino de Miranda, em Vila Nova de Famalicão, João Charters de Almeida está prestes a instalar a sua próxima obra, a última que realizará em espaços públicos.
A revelação foi feita pelo presidente da Câmara Municipal, Mário Passos, durante as celebrações do 60.º aniversário da Fundação Cupertino de Miranda, que teve a presença do escultor em Famalicão. Ele anunciou a nova criação de Charters de Almeida no concelho – o “Jardim Suspenso”.
A escultura, feita em aço corten e com uma altura de 5 metros, será instalada na Praça D. Maria II, situada ao sul do edifício da Fundação.
No momento em que foi apresentada a obra, que vai nascer no centro urbano de Famalicão, Charters de Almeida, explica que “as sombras projetadas pela escultura são flores enquanto a luz as desenhar” e que este “Jardim Suspenso” “será sempre um sinal de esperança”, apontando a arte como a resposta para as angústias da humanidade.
“Neste complexo suporte que nos mantém, que se chama Terra, o Homem continua sem resolver o conceito de tempo e, por isso, a angústia está sempre presente no seu subconsciente”, refere, acrescentando ainda que escolheu os jardins da Praça D. Maria II para intervir “pela novidade da sua expressão formal, de ter a presença dos elementos água, luz, flores, árvores”.
O autarca de Famalicão afirma que a escultura recente de Charters de Almeida contribui para realçar o significado da Fundação Cupertino de Miranda no coração da cidade de Famalicão. Ele também acredita que o trabalho do artista no município ganhará ainda mais destaque com a adição deste “Jardim Suspenso”.
Mário Passos encara a nova peça como “um tratado ao valor da memória e à sua importância de permanecer viva. Um sinal de esperança sempre atual no espaço público a interpelar em permanência o visitante para os valores da arte, da identidade e do humanismo”.
O autarca parabenizou ainda a Fundação Cupertino de Miranda “por estar há 60 anos a elevar o nome de Famalicão e a prestigiar a nossa comunidade” e pelo “trabalho que tão bem tem sabido desenvolver, sobretudo no que respeita à salvaguarda do espólio surrealista português”.
Segundo Charters de Almeida esta será a sua última intervenção no espaço público. “Desde 1968 que me sinto ligado a Vila Nova de Famalicão. O tempo não nos afastou. Pelo Contrário. As memórias foram sempre sentidas e cultivadas. O tempo foi passando e as memórias do princípio da minha vida profissional relembraram-me, uma vez mais, que tudo tem um fim”.