Os trabalhadores da fábrica de Vila Nova de Famalicão da multinacional alemã Continental Mabor reivindicaram, esta terça-feira, uma “atualização salarial imediata”, para fazer face ao aumento “brutal” do custo de vida e ao “disparar” da inflação, disse fonte sindical.
No final de um plenário de trabalhadores, o dirigente do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras (SITE) do Norte Joaquim Costa disse que a empresa aumentou os salários em 3 por cento, no início do ano.
“Com uma inflação que já vai acima dos 8 por cento e com o brutal aumento do custo de vida, é fácil perceber que esse aumento salarial já foi há muito engolido e que hoje os salários são muito mais curtos do que quando o ano começou”, referiu.
Por isso, os trabalhadores da Continental Mabor exigem uma atualização salarial “imediata”, para “reposição do poder de compra”.
Segundo Joaquim Costa, a fábrica empresa cerca de 2.600 trabalhadores e regista todos os anos “muitos milhões de lucros”.
“É preciso que se olhe também para o lado dos trabalhadores”, apontou.
No plenário, marcou presença a secretária-geral da CGTP, Isabel Camarinha, que reiterou a exigência de um aumento de 90 euros dos salários de todos os trabalhadores, já em 2022, e a subida do salário mínimo nacional para 800 euros já a partir deste mês.
Isabel Camarinha sublinhou ainda a necessidade do aumento das pensões e reformas em “pelo menos” 20 euros.
“O que se exige é um efetivo aumento de salários. Promessas e propaganda temos muitas”, referiu.
Assim, além do aumento de 90 euros para todos, a CGTP exige também aumentos intercalares para os trabalhadores que este ano já tiveram atualizações salariais.
“Essas atualizações foram engolidas pelo aumento brutal do custo de vida, como aconteceu aqui na Continental Mabor”, apontou.
Para a líder da CGTP, os salários, designadamente fruto da “galopante” inflação, “estão cada vez mais curtos”.
Isabel Camarinha defendeu que tem de haver medidas para travar a especulação dos grandes grupos económicos, para regulação de preços e para o aumento geral dos salários.
“Isto interliga-se com a proposta de lei que está em discussão na Assembleia da República de alterações à legislação laboral, que tem um ou outro aspeto positivo mas não garante a resolução dos problemas de fundos existentes nas relações laborais”, acrescentou.
Apontou, como exemplos, “a norma que faz com que não haja efetiva negociação da contratação coletiva, fazendo com que as carreiras sejam completamente desvalorizadas”.
“Precisamos de efetivar a negociação da contratação coletiva. O Governo não resolve a norma da caducidade nem retira da legislação a capacidade de manter a precariedade, que é das mais altas da União Europeia”, criticou.
A CGTP tem vindo a promover ações junto dos trabalhadores um pouco por todo o país para “tomar o pulso” aos problemas e preparar uma manifestação nacional marcada para quinta-feira, em Lisboa.
Segundo Isabel Camarinha, o aumento geral dos salários surge à cabeça das reivindicações.
“Se os salários já eram curtos no início do ano, agora são ainda muito mais curtos, fruto da guerra na Ucrânia e da inflação que já vai nos 8,7 por cento”, referiu.