Siga-nos nas redes

Famalicão

Famalicão: MP quer que alunos que faltaram a Cidadania fiquem à guarda da escola “durante o período escolar”

Publicado

em

O Ministério Público (MP) quer que os dois alunos de Vila Nova de Famalicão proibidos pelos pais de frequentarem a disciplina de Cidadania e Desenvolvimento sejam colocados à guarda da escola “durante o período escolar”.

Nas alegações do processo de promoção e proteção dos dois alunos, o MP no Tribunal de Família e Menores de Famalicão diz que aquela é a única medida “que se apresenta como do superior interesse dos jovens e com potencial a, definitivamente, afastar situação de perigo existencial dos mesmos”.

Em causa estão dois alunos, irmãos, que frequentam o Agrupamento de Escolas Camilo Castelo Branco, em Famalicão, distrito de Braga, e cujos pais os impedem, desde o ano letivo 2018/2019, de frequentarem a disciplina Cidadania e Desenvolvimento.

Os pais alegam que a educação para a cidadania é uma competência deles e sublinham que lhes suscitam “especiais preocupação e repúdio” os módulos “Educação para a igualdade de género” e “Educação para a saúde e sexualidade”, que fazem parte da disciplina em questão.

Dizem ainda que os restantes módulos da disciplina são uma “perda de tempo”.

Nos últimos quatro anos, os alunos, que são de excelência, foram dados como “chumbados”, por causa das faltas àquela disciplina, mas, por decisão do Ministério da Educação, têm transitado, de forma condicionada, de ano, enquanto se aguarda pelo desfecho dos processos judiciais relacionados com o assunto.

Entretanto, o assunto passou também para a alçada do Tribunal de Família e Menores.

Nas alegações, o MP considera que os pais “põem em perigo” a formação, educação e desenvolvimento dos filhos, adiantando ainda que há o perigo de os jovens sofrerem “maus-tratos psíquicos”, “não receberem os cuidados ou a afeição adequados às suas idades” e “estarem sujeitos a comportamentos dos pais que afetam gravemente o seu equilíbrio emocional”.

Além disso, acrescenta o MP, há o perigo de retenção e de consequente dificultação de acesso ao ensino superior, quando em causa estão “alunos de excelência, com um percurso académico irrepreensível”.

Diz que fica também em perigo a formação em matérias como direitos humanos, igualdade de género, saúde, sexualidade, segurança, defesa, paz e bem-estar animal, entre outras.

O MP considera que a atitude dos pais pode configurar “coerção emocional”, além de dar “exemplo de foras da lei, que decidem não cumprir, decidindo em causa própria como se juízes fossem”.

“Atuam como agentes de infrações”, acrescenta.

Alerta ainda que os alunos em questão podem ser vítimas de ‘bullying’ por parte da restante comunidade escolar que respeita as leis, “o que já vem acontecendo nas redes sociais”.

“Os pais parecem ignorar que a criança ou o jovem é um ser autónomo, com autonomia jurídica”, lê-se ainda nas alegações do MP.

Por tudo isto, o Ministério Público quer que os alunos sejam colocados à guarda da escola, apenas durante o período escolar.

“A medida que se configura como efetivável a ultrapassar o impasse da situação de perigo, passado, presente e futuro, será a de confiança a pessoa idónea, no concreto circunstancialismo, a confiança dos jovens à entidade mais indicada para o concreto perigo: a própria Escola. A colocação dos jovens, apenas durante o período escolar, sob a guarda da própria escola”, refere o MP.

Especifica que a escola, na pessoa do diretor do Agrupamento de Escolas Camilo Castelo Branco, Carlos Teixeira, e/ou da interlocutora da primeira linha, a psicóloga Marta Silva, “serão as pessoas de quem se não duvida da idoneidade, até pelas funções que lhes estão confiadas.

Segundo o MP, uma medida de apoio junto dos pais não se afigura viável, porque os perigos foram criados pelos próprios pais.

Da mesma forma, o MP diz que não é possível uma medida de apoio junto da família, “porque nenhum familiar se prontificou a mediar uma solução, talvez por conhecerem o feitio contumaz” do pai dos alunos.

O pai dos alunos, Artur Mesquita Guimarães, disse que está marcada para terça-feira uma audiência de julgamento no Tribunal de Família e Menores de Famalicão.

“Naturalmente que não concordamos com estas alegações e amanhã [terça-feira] diremos de nossa justiça”, acrescentou.

Os alunos têm 14 e 16 anos e vão frequentar, em 2022/2023, o 9.º e o 11.º anos, respetivamente.

PARTILHE ESTE ARTIGO:
Publicidade Publicidade

pub

LER JORNAL

Artigos Recentes

Paíshá 17 minutos

ASAE apreendeu mais de 149 mil litros de azeite e óleo alimentar em 2024

A Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE) levou a cabo diversas ações de prevenção criminal, no setor do azeite,...

Regiãohá 1 hora

Vila do Conde: Casal acusado de lucrar com auxílio à imigração ilegal de brasileiros

O Ministério Público (MP) acusou um casal em Vila do Conde de auxílio à imigração ilegal, sustentando que “sob o...

Mundohá 2 horas

Saúde do Papa Francisco está a melhorar e já não precisa de ventilação mecânica

O Papa Francisco “estabilizou o suficiente”, após duas crises respiratórias, para ser retirado da ventilação mecânica não invasiva e voltar...

Famalicãohá 3 horas

Famalicão: Mais de 300 foliões animaram Carnaval de Arnoso Santa Eulália

Arnoso Santa Eulália celebrou mais um Carnaval com o seu tradicional desfile, realizado pelos elementos da Associação Desportiva e Cultural...

Desportohá 3 horas

Famalicão: Alunos da CIOR sagram-se campeões regionais de Kempo

A escola profissional CIOR, de Famalicão, esteve representada por três atletas no Campeonato Regional Norte de Kempo, que se realizou...

Paíshá 4 horas

ASAE fiscalizou disfarces e brinquedos de Carnaval instaurando 9 processos

A Autoridade de Segurança Alimentar e Económica – ASAE levou a cabo, de Norte a Sul do país, a operação...

Paíshá 4 horas

Operação Carnaval 2025: 723 pessoas detidas e 43 armas de fogo apreendidas

A PSP deteve 723 pessoas em Portugal e aprendeu 43 armas de fogo, 29 armas brancas e 24.100 doses de...

Famalicãohá 4 horas

Famalicão: Homem perde a vida atropelado pelo comboio em Calendário

Uma pessoa perdeu a vida, esta madrugada, na sequência de um atropelamento ferroviário, nas imediações do apeadeiro de Barrimau, na...

Regiãohá 4 horas

Câmara de Santo Tirso organiza vigília em frente ao hospital exigindo esclarecimentos à ministra da Saúde

O Município de Santo Tirso promove uma vigília, este sábado, no seguimento da passagem da gestão do hospital para a...

Paíshá 5 horas

Um morto e dois feridos após colisão em Gaia na A1

Uma colisão entre duas viaturas ligeiras ao quilómetro 294 – direção sul-norte – na Autoestrada 1 (A1) provocou um morto...

Arquivo

Mais Vistos