Os relatos agora divulgados acerca das suspeitas de tráfico humano numa academia para jovens futebolistas, na freguesia de Riba de Ave, em Famalicão, estão a agora a ser ouvidas pelas vítimas, que fazem uma série de acusações, que incluem comportamentos abusivos por parte dos responsáveis, sendo a mais grave o impedimento de abandonarem o espaço em que viviam, até para fazer compras.
Estes afirmam ainda que tiveram o seu acesso limitado, aos seus próprios passaportes, tal como tal como indica a reportagem da RTP.
O presidente da assembleia geral da Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP), Mário Costa, renunciou hoje ao cargo, anunciou o organismo, no resultado da investigação do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) a Mário Costa e à academia de futebol à qual está ligado, na freguesia famalicense, por suspeitas de tráfico de seres humanos.
“No decurso da reunião de urgência convocada pelo presidente da LPFP, Pedro Proença, com os presidentes dos três órgãos sociais da instituição – Mesa da Assembleia Geral, Conselho Jurisdicional e Conselho Fiscal -, o Dr. Mário Costa informou da decisão de renunciar ao cargo de presidente da mesa da assembleia geral da Liga Portugal”, escreveu o organismo.
“Mais se informa que serão, agora, desencadeados os procedimentos estatutariamente previstos para garantir a normal gestão e a estabilidade do funcionamento da Instituição”, acrescenta a Liga, numa comunicação de apenas dois parágrafos.
A Procuradoria-Geral Regional do Porto especificou hoje que foram 33 os menores retirados da academia de futebol, tendo ainda outros adultos sido encaminhados para unidades de abrigo.
Em nota publicada na sua página, aquela procuradoria refere que os menores foram retirados após intervenção articulada das entidades competentes e “por se encontrarem em situação de perigo”.
O secretário de Estado da Juventude e Desporto (SEJD), João Paulo Correia já tinha afirmado esta quarta-feira que o Governo vai tomar “medidas de resposta imediata”, garantindo que “no próximo Conselho Nacional do Desporto, que se realizará no dia 10 de julho, o Governo irá apresentar um conjunto de propostas, algumas delas de caráter legislativo, para que se responda com força e com brevidade a um flagelo que teima em não abandonar o nosso território e mais concretamente o desporto”.
O governante condenou “no plano ético” o comportamento de Mário Costa que levou, entretanto, a LPFP a reunir hoje de urgência para avaliar o “impacto” na gestão do organismo das notícias relacionadas com o tema, que secretário de Estado havia considerado “inaceitável, chocante e condenável”.
Segundo fonte do SEF, foram identificados 114 futebolistas, oriundos da América de Sul, África e Ásia e estarão todos em situação irregular no país.
Em carta enviada à Lusa, o advogado de Mário Costa, Raul Soares da Veiga, confirmou a renúncia, considerando que “quando tudo estiver esclarecido e o processo for arquivado, Mário Costa voltará a colaborar com a Liga com o mesmo entusiasmo de sempre”.