“Galinha Mourisca” a receita com vários pormenores suculentos aparece descrita no livro “O Santo da Montanha”, 1866, de Camilo Castelo Branco. Cento e cinquenta e cinco anos depois, a receita foi recuperada e reinventada em Vila Nova de Famalicão numa conjugação de esforços que envolveu dois chefs da terra – Renato Cunha e Lígia Santos – o Restaurante Oprato e a Casa Museu Camilo Castelo Branco.
A iguaria foi apresentada ao presidente da Câmara Municipal, Paulo Cunha, na passada sexta-feira, num almoço que contou com a presença do representante da Turismo do Porto e Norte de Portugal, Marco Sousa, do vereador do Turismo do município, Augusto Lima, da Chef Lígia Santos entre outros convidados.
Vila Nova de Famalicão, não tendo propriamente um prato identitário exclusivo do concelho, tem um vasto legado de referências históricas ligadas à restauração e é conhecido pela qualidade e pelo ecletismo da sua oferta dentro da gastronomia regional minhota. Para Augusto Lima, “a aposta na Galinha Mourisca constitui assim uma extraordinária oportunidade para se evocar esse ADN, convocando a obra de Camilo para contar-se histórias à mesa e reforçar-se a Rota Camiliana como um produto estratégico para o município”.
Com a aposta nesta iguaria o município pretende valorizar, qualificar e promover a gastronomia famalicense, através da consolidação da Galinha Mourisca como um prato de interesse cultural e gastronómico; incentivar a produção local e a sua valorização económica junto de restaurantes e produtores, através da utilização de produtos autóctones como as raças de galinhas portuguesas; consolidar a Rota Camiliana, convocando-se o autor e a sua narrativa à mesa, através de pratos ou menus inspirados na sua obra; e por fim afirmar e promover Famalicão como destino gastronómico eclético e de excelência.
A apresentação deste prato aos famalicenses será feita através de mais uma iniciativa dos Dias à Mesa. Nos próximos dias 10, 11, 12 e 13 de junho, a Galinha Mourisca será servida em sete restaurantes do concelho, que participaram em ações de qualificação e partilha da receita. Os restaurantes são os seguintes: Ferrugem; Fondue; ME.AT; Moutados; Oprato; Outeirinho e 26 Restaurante Lounge.
A ementa é harmonizada com vinhos da região e acompanhada de entradas e sobremesas genuínas da época com registo contemporâneo.
Refira-se que as primeiras referências bibliográficas à Galinha Mourisca datam do século XVI através do Livro de Cozinha da Infanta D. Maria. A Galinha Mourisca do Século XXI apresenta um renovado sabor, mas respeita os cânones e a valorização dos produtos locais.