Uma jovem que frequentou o convento da Fraternidade Cristo Jovem, em Requião, deu, esta terça-feira, o seu testemunho em tribunal, onde relata os maus tratos físicos e violência psicológica exercida sobre esta, quando tinha apenas 16 anos.
De acordo com a jovem, esta terá passado duas noites no mato “a pensar o que ia fazer”, reforçando que “preferia morrer a ficar ali”, é avançado pelo JN.
Longe de familiares e amigos e com todas as comunicações “controladas” o que tornou ainda mais difícil as ligações com o exterior, a testemunha sublinha que “se pudesse falar à vontade, não tinha estado lá nem três meses. Estava sempre alguém por perto”.
Alegando carregar um trauma “para o resto da vida”, os relatos de abusos e maus tratos continuam com a testemunha a afirmar que nunca podia “comer muito” por causa do pecado da “gula”, apesar dos dias de trabalho que se estendiam por 15 e 16 horas.
Segundo a mesma, as noviças eram manipuladas psicologicamente pelos arguidos que afirmavam que quem fugia do convento tinha o “demónio” e que estas e os seus familiares iriam sofrer “castigos divinos” por causa destes atos.
Sem documentos, dinheiro ou telemóvel, a testemunha afirma que “ia em busca de paz, e não encontrei paz. Faltava amor, respeito e compressão com os outros. Ali vivíamos uma farsa, falavam muito em amor mas não sabem amar”, concluiu.