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Famalicenses CeNTI e Citeve criam fibras têxteis a partir de pasta de eucalipto

O Centi e Citeve, ambos localizado em Famalicão, levam a cabo a criação de fibras têxteis rastreáveis e funcionais a partir de pasta de eucalipto.

Em conjunto com a Caima, uma das mais antigas fábricas de celulose do país
pertencente ao Grupo Altri (referência europeia no setor da pasta de papel), estes visam não só
valorizar um recurso nacional, incluindo-o em processos de valor acrescentado, como também
minimizar a importação de fibras celulósicas, nomeadamente da Ásia, assegurando uma
resposta local/europeia, economicamente viável e mais sustentável.

“A inexistência, a nível nacional, de processos de transformação da pasta [de celulose] em
fibra é um fator limitativo a nível técnico e económico para esta área geográfica [Portugal e
grande parte da Europa]. Com este Projeto, prevê-se, por isso, a capacitação técnica e
tecnológica para responder localmente às necessidades crescentes de consumo de pastas,
fibras e têxteis”, revelam os investigadores.

Neste momento, a produção de fibras celulósicas têxteis, com base em pastas solúveis, atinge quase 8 milhões de toneladas, sendo que a China representa quase 70% da quota global. Portanto, o grande desafio do consórcio é desenvolver uma solução alternativa à escala europeia que minimize a importação de fibras e reduza a pegada ecológica. No entanto, a inovação não se limita apenas a isso, pois os cientistas destacam a inclusão de agentes ativos e funcionais, como propriedades antimicrobianas, antiestáticas e retardantes de chama, nas fibras celulósicas têxteis, algo inovador em relação ao que existe atualmente no mercado.

Outro fator diferenciador dessas fibras celulósicas é a incorporação de agentes de rastreabilidade durante a fase de produção da pasta, o que permite identificar a matéria-prima e reconhecer o produto e suas características em relação aos materiais provenientes de outras fontes. De acordo com os responsáveis, a rastreabilidade ao longo da cadeia de valor é considerada uma mais-valia, permitindo à Caima não só rastrear seu produto, a pasta, como também oferecer essa mesma funcionalidade aos seus clientes. Até agora, fibras de Lyocell foram produzidas em uma unidade piloto construída especificamente para este fim, sendo as primeiras a serem desenvolvidas em território nacional. Também estão em teste fibras de Lyocell funcionalizadas com propriedades antibacterianas e retardantes de chama, bem como uma solução de rastreabilidade. Até o final do Projeto, previsto para junho deste ano, o consórcio espera validar essas soluções/ resultados, além de produzir fibras de Viscose com as novas propriedades.

O Eucalyptus globulus, a espécie florestal mais cultivada em Portugal, é a base dessas fibras têxteis inovadoras – Lyocell e Viscose. Segundo dados do 6º. Inventário Florestal Nacional (IFN6 2015) e da Carta de Uso e Ocupação do Solo de Portugal Continental de 2018 (COS2018), a área de eucalipto ronda os 740 Mha como espécie dominante, o que corresponde a 21% da área florestal, sendo a maioria plantações desta espécie.

Os investigadores afirmam que a pasta solúvel de Eucalyptus globulus para a produção de Lyocell é algo escassamente estudado e sistematizado, e os estudos existentes são breves e muito empíricos. Assim, o Projeto Fiber4Fiber está a contribuir para enriquecer o conhecimento técnico do setor e valorizar os recursos naturais nacionais, fomentando a sua utilização em processos com maior valor acrescentado.

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