O eurodeputado Nuno Melo apresenta hoje a sua candidatura à liderança do CDS-PP, afirmando que, apesar de atravessar “o pior momento”, o partido, que é “uma parcela” da sua identidade, “faz falta a Portugal”.
A apresentação desta candidatura, que já era esperada mas ainda não estava definitivamente confirmada, vai acontecer na sede centrista, em Lisboa, ao final da tarde.
Quando anunciou a apresentação da candidatura, o dirigente escreveu nas redes sociais que “o CDS atravessa o pior momento dos seus mais de 47 anos de história” mas, “pelo legado, pelo que representa, pelo que agora ficou ausente da Assembleia da República mas faz tanta falta a Portugal, capitular não é sequer opção”.
“O CDS é uma parcela da minha identidade. Dediquei-lhe grande parte da minha vida. Consegui vitórias e um ou outro desaire, porque em democracia os resultados nunca são definitivos. Mas para o que importa, jamais desisti”, salientou.
Se for eleito o próximo líder centrista, Nuno Melo espera “um caminho longo e carregado de obstáculos”, mas acredita que terá ao seu lado “milhares de militantes e simpatizantes que nunca saíram, e muitos outros que tendo tipo diferentes decisões eleitorais por circunstâncias de conjuntura, querem voltar”.
“Em conjunto, acredito, devolveremos o CDS ao parlamento e ao lugar que justifica na nossa democracia. Encontraremos motivação, precisamente nas razões opostas àquelas que levaram outros ao pessimismo inevitável e a deitar a toalha ao chão. Não desistimos e escreveremos novas páginas com crença, alegria e determinação”, escreveu ainda.
Na passada sexta-feira, dia 11, o eurodeputado disse aos jornalistas e perante o Conselho Nacional do CDS-PP que seria candidato à liderança “a menos que algo de extraordinário aconteça”.
Dois dias após as eleições legislativas em que o CDS-PP perdeu a sua representação parlamentar, Melo já tinha admitido a possibilidade de ser candidato à liderança, se conseguisse garantir “condições institucionais”, numa mensagem em que garantia que no que depender de si, “o CDS não acaba aqui”.
O Congresso do CDS-PP vai acontecer nos dias 02 e 03 de abril, em local ainda a definir.
De acordo com fontes do partido ouvidas pela Lusa, o Conselho Nacional alterou o prazo limite para a entrega de moções globais, que têm de ser apresentadas até 15 de março (e não a 21, como propunha a direção) e subscritas por 300 militantes (em vez de 150).
A eleição dos delegados concelhios e regionais decorre no dia 12 de março de 2022, entre as 16:00 e as 20:00, por escrutínio secreto e em listas plurinominais nas respetivas Assembleias Concelhias, Conselhos ou Comissões Diretivas Regionais, devendo as candidaturas ser apresentadas até dez dias antes do ato eleitoral.
O 29.º Congresso do CDS-PP vai eleger o sucessor de Francisco Rodrigues dos Santos, que se demitiu da presidência do partido e não irá recandidatar-se na sequência dos resultados eleitorais nas legislativas de 30 de janeiro.
O CDS-PP obteve 1,6% dos votos e pela primeira vez desde o 25 de Abril de 1974 ficou sem representação parlamentar, depois de na última legislatura ter uma bancada de cinco deputados.
O 29.º congresso do CDS-PP já esteve marcado para 27 e 28 de novembro e seria em Lamego, com uma disputa entre o atual presidente e o eurodeputado Nuno Melo.
No entanto, com o chumbo do Orçamento do Estado e marcação de eleições legislativas antecipadas, a direção propôs (e o Conselho Nacional aprovou) o seu cancelamento e o adiamento para depois das eleições legislativas, contra a vontade de Nuno Melo e dos seus apoiantes, que acusaram a direção de falta de democracia interna e uma “tentativa de golpe de estado institucional”.