Os pilotos portugueses na 44.ª edição do rali Dakar mostraram-se hoje satisfeitos com as suas prestações na quarta etapa da prova mais emblemática de todo-o-terreno, em que Rui Gonçalves (Sherco) foi terceiro classificado nas motas.
Este foi o melhor resultado para o piloto de Vidago (Vila Real) na prova, nesta que é a sua segunda participação.
Rui Gonçalves concluiu os 465 quilómetros cronometrados da mais longa etapa da corrida a 7.59 minutos do vencedor nas duas rodas, o espanhol Joan Barreda (Honda), que somou a segunda vitória na edição deste ano, 29.ª no no total.
“Foi uma etapa bastante rápida onde consegui imprimir um bom ritmo desde o início e mantê-lo ao longo do dia. O facto de ter andado com pilotos rápidos e com muita experiência no Dakar permitiu-me aprender e evoluir quilómetro após quilómetro”, começou por dizer o piloto transmontano.
O antigo vice-campeão mundial de motocrosse na classe MX2 sentiu-se “muito bem fisicamente”.
“O objetivo, tal como tem sido a cada dia, é continuar concentrado etapa após etapa, até ao final do Dakar”, sublinhou.
Ao português tinha sido, inicialmente, creditado o quarto lugar, atrás do italiano Danilo Petrucci (KTM), que até 2021 foi piloto de MotoGP.
Contudo, o transalpino foi penalizado em 10 minutos por excesso de velocidade, depois de na véspera ter sido transportado até ao acampamento de helicóptero depois de não ter conseguido reparar uma avaria no motor da sua KTM por ter perdido o telefone satélite durante a etapa.
Por sua vez, Joaquim Rodrigues Jr. (Hero), que venceu a terceira etapa, em Al Qaisumah, hoje teve a espinhosa missão de abrir a pista, cedendo quase 30 minutos para os primeiros, sendo 35.º.
“Depois da minha vitória, tive de abrir a etapa de hoje, que, por coincidência, era a mais longa do rali e mais dura até agora em termos de navegação. Devido às chuvas, as pistas quase não se viam, o que tornou a navegação ainda difícil. Os outros pilotos apanharam-me e rodámos juntos até final. Ainda assim, o resultado é bom e estou contente por ter chegado ao fim”, frisou o piloto natural de Barcelos, que caiu duas posições, para o 19.º lugar.
António Maio (Yamaha) foi 20.º, a 18.16 minutos do vencedor, numa etapa mais ao seu gosto.
“A especial de hoje foi mais ao meu gosto. Não tinha tanta areia e o terreno era mais rijo e com alguma pedra. O percurso era mais rápido, mas com alguma condução. Na parte final apanhei o pó de alguns pilotos e quebrei um bocado o ritmo o que acabou por me atrasar. Mas foi uma boa especial e bastante divertida. Estamos no bom caminho e vamos subindo aos poucos”, concluiu.
Mário Patrão (KTM) foi 44.º e quinto entre os pilotos sem assistência.
“A etapa de hoje tinha mesmo muitos quilómetros, mas consegui manter um ritmo consistente. O tempo aqui passa a voar, e com poucas horas de sono, há que ter cuidados redobrados. Estou satisfeito com o resultado”, comentou o piloto de Seia (Guarda).
Alexandre Azinhais (KTM) foi 92.º, logo seguido de Arcélio Couto (Honda), Paulo Oliveira (KTM) em 126.º, seguido de Bianchi Prata (Honda), em 127.º.
O britânico Sam Sunderland (GasGas), que foi sexto na tirada de hoje, manteve a liderança, mas agora com 3.00 minutos sobre o austríaco Mathias Walkner (KTM), com o francês Adrien van Beveren (Yamaha) a baixa de segundo para terceiro, a 4.54 minutos.
Nos automóveis, o catari Nasser Al-Attiyah (Toyota) herdou a 44.ª vitória da carreira na prova depois de o saudita Yazeed Al-Rajhi (Toyota) ter caído de primeiro para quinto devido a uma penalização de 5.00 minutos por excesso de velocidade.
“Preferia não ser o primeiro em pista na etapa de amanhã [quinta-feira]”, lamentou Al-Attiyah, pois os carros enfrentam um percurso diferente dos das motas.
O piloto da Toyota gastou 3:54.40 horas para cumprir os 465 quilómetros cronometrados entre Al Qaisumah e Riade, na Arábia Saudita, deixando o francês Sébastien Loeb (BRX) na segunda posição, a 25 segundos.
“Prefiro partir atrás dele do que à frente, pois na etapa de quinta-feira não vamos ter as motas a partir antes de nós e a deixar marcas em pista”, frisou Loeb.
Em terceiro lugar acabou o espanhol Carlos Sainz (Audi), que viu partir-se uma peça da transmissão traseira do seu RS e-Tron elétrico, que lhe terá roubado a vitória no troço.
“Foi uma pena porque vínhamos em posição de vencer”, sublinhou o madrileno, de 59 anos.
Miguel Barbosa (Toyota) foi 43.º, a 1:22.28 horas.
“Foi uma etapa difícil, muito rápida, com muitas ratoeiras. Houve alguns acidentes, muita gente parada, registo muitos problemas. Foi por isso muito importante para nós poder estar aqui ao final do dia. Já a terminar a etapa passámos num rio, com muita lama e já a escurecer, não foi fácil, mas carro teve impecável, sem registo de problemas, pelo que estamos satisfeitos. Seguem-se dois dias difíceis. Amanhã temos quase 400 km para fazer, com a particularidade de nós irmos para um lado e as motas para outro. Haverá mais dificuldade para quem for abrir pista. No dia seguinte serão os carros a fazer o percurso das motas e vice-versa”, explicou.
O dia ficou ainda marcado pelo violento capotanço do Toyota do lituano Benediktas Vanagas, navegado pelo português Filipe Palmeiro, sem consequências físicas.
Os dois chegaram ao final na 80.ª posição, mas com uma penalização de 30 horas por não terem concluído o percurso.
Com estes resultados, Nasser Al-Attiyah tem, agora, 38.05 minutos de vantagem sobre Sébastien Loeb, que é segundo, e 49.15 sobre Yazeed Al-Rajhi, que é terceiro.
Miguel Barbosa é, agora, 39.º a 5:53.08 horas.
Na quinta-feira disputa-se a quinta etapa, em torno de Riade e será composta por um troço cronometrado de 346 quilómetros. Os pilotos e equipas vão encontrar um percurso entre trilhos de terra, salpicados de pedra e com uma longa secção de dunas com quase 80 quilómetros.