Pedro Pablo Pichardo afirmou que o título de campeão do mundo do triplo salto que conquistou “é de Portugal”, assumindo-se, em Eugene, nos Estados Unidos, emocionado por conseguir uma medalha que lhe faltava.
“Esta medalha é de Portugal”, vincou no sábado o agora campeão do mundo, depois de dominar o concurso do triplo, com 17,95, a três centímetros do seu recorde nacional, que lhe valeu o título olímpico em Tóquio2002.
O atleta do Benfica, de 29 anos, admtitiu sentir “uma emoção muito grande” por ter conseguido “um título que estava em dívida”, dedicando o triunfo à família e também ao país que o acolheu e o naturalizou, em 13 de novembro de 2017.
“Dedico a vitória ao meu pai [ e treinador, Jorge Pichardo], à família, ao clube e ao país, Portugal, que [meu] deu oportunidade para seguir a carreira ao mais alto nível, mas também às Câmaras de Setúbal e de Palmela e ao Pinhal Novo. A toda a minha equipa, à seleção e a Portugal inteiro, agradeço-lhes muito”, afirmou Pichardo, na zona mista do estádio Hayward Field.
O recorde nacional e, sobretudo, a ‘fasquia’ dos 18 metros ficaram a faltar, segundo o saltador luso, que tem como recorde pessoal os 18,08 alcançados em maio de 2015, ainda como cubano.
“Eu sou muito ambicioso, estou feliz, era um título que estava em dívida, mas não vou esconder que queria saltar 18 metros. A época ainda não acabou e vou continuar a tentar”, prometeu.
Questionado sobre o pai, o principal ‘patrocinador’ da candidatura a recordista mundial e à superação dos históricos 18,29 do britânico Jonathan Edwards, o atleta assegurou a satisfação.
“O meu pai está muito feliz, pela vitória e porque consegui uma boa marca logo no primeiro salto. Embora não tenha ultrapassado os 18 metros, campeão do mundo é sempre campeão do mundo”, vincou.
O português assegurou o primeiro título mundial na reedição do pódio olímpico, com Hugues Fabrice Zango, do Burkina Faso, medalha de bronze em Tóquio2020, a subir ao segundo lugar, com 17,55, e o chinês Yaming Zhu, então medalha de prata, no terceiro, com 17,31, numa final em que o cubano Lázaro Martínez, que bateu Pichardo nos campeonatos do mundo em pista coberta, em março, ficou afastado dos últimos saltos.
“Foi igual a Tóquio, o Lázaro só saltou bem na pista coberta. O Zango e o Zhou, só trocaram de lugar, mesmo que o Lázaro tivesse feito a melhor marca ficava em quarto, mas eu sei que ele não é tão bom ao ar livre. Foi como eu estava à espera”, assegurou.
Já depois de ter recebido a medalha, já sem a multidão que assistiu à competição, por força do agendamento tardio destas cerimónias, para fora dos horários de transmissão televisiva, Pichardo reiterou o conhecimento do hino nacional.
“Eu vou ter sempre sotaque. Eu já tenho anos em Portugal, a minha filha nasceu lá, a minha mulher fala português e é português que eu falo em casa e já sei o hino há muito tempo, mas claro que tenho sotaque e claro que foge sempre alguma palavra para o espanhol, é normal”, realçou.
Ainda na zona mista, não se mostrou incomodado por ser a primeira edição de campeonatos do mundo em que o país onde nasceu não sobe uma única vez ao pódio: “Esta medalha é de Portugal, já não tenho nada que ver com Cuba”, rematou.