André Carvalho (Cofidis) espera poder retribuir o que outros fizeram por ele, abrindo portas a mais ciclistas portugueses no estrangeiro, uma missão para a qual, acredita, contribuiria a sonhada estreia numa grande Volta.
“Eu acho que o trabalho que o Rui [Costa], o Nélson [Oliveira], o Tiago [Machado] fizeram, as prestações deles lá fora, foi algo que levou as equipas estrangeiras a quererem apostar mais em nós. O facto de o João [Almeida] ter feito a Volta a Itália que fez, o [Rúben] Guerreiro também, elevou o nosso ciclismo e acho que isso é importante para os jovens que vêm aí tentarem dar o salto”, considerou, em entrevista à agência Lusa.
O discreto jovem da Cofidis não esquece aqueles que, pelas exibições e resultados, o ajudaram a chegar ao WorldTour, assumindo querer também ele “poder contribuir para que Portugal continue a ter mais jovens ciclistas no estrangeiro” e para que as promessas de futuro possam demonstrar “de que raça” são os portugueses feitos.
A viver a geração de ouro do ciclismo nacional, André Carvalho assume o “sentimento especial que é correr em casa, no meio do pelotão português”, onde foi “crescendo antes de ir lá para fora”.
“Portanto, é, sem dúvida, algo especial e estou a desfrutar de cada momento”, completou, referindo-se à participação na Volta ao Algarve, cuja 48.ª edição termina no domingo, no alto do Malhão.
A sensação do regresso a casa é ainda melhor após uma época de 2021 que define como “agridoce”.
“Fiz a Volta a Flandres, o [Paris-]Roubaix, o Mundial, corridas que nunca pensei fazer durante o meu primeiro ano na elite do WorldTour, e ter essas oportunidades foi mesmo muito bom. Foi algo que me deu experiência para o futuro. No entanto, tive alguns azares ao longo da época – umas quedas, depois fiquei doente numa altura crucial, a seguir ao estágio em altitude. Foi uma época com muitos altos e baixos”, recordou.
O miúdo de 24 anos, que deu nas vistas no escalão sub-23, nomeadamente com quintos lugares nas versões jovens do Paris-Roubaix e da Liège-Bastogne-Liège em 2019, o seu ano de estreia lá fora, com as cores da fábrica de talentos Hagens Berman Axeon, espera agora “poder fazer uma temporada mais calma” e transformar a experiência que adquiriu no ano passado em algo positivo para 2022.
Ultrapassadas estão também as barreiras linguísticas, que, “às vezes”, causaram problemas de comunicação no seu primeiro ano na equipa francesa.
“Sinceramente, pensei que ia ser mais difícil. Acolheram-me bastante bem. A pior parte da adaptação passou mesmo pela língua francesa, mas felizmente já estou mais ou menos dentro do assunto, digamos assim”, disse, rindo-se.
Com o calendário definido até junho – ao Algarve, seguir-se-ão “algumas clássicas na Bélgica” e “uma ou outra corrida por etapas em França”, antes dos Campeonatos Nacionais -, o ciclista de Vila Nova de Famalicão sonha em alcançar, já este ano, a aspiração máxima de qualquer “emigrante” velocipédico português.
“Muito honestamente, espero ter a oportunidade de me estrear numa grande Volta. Se o fizer, será na Volta a Espanha. Espero, sinceramente ter essa oportunidade, porque será excelente para mim para evoluir enquanto ciclista”, concluiu.