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Fábrica da Tupperware encerra e lança 200 trabalhadores para o desemprego

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Os cerca de 200 trabalhadores da fábrica da Tupperware, empresa instalada em Montalvo, Constância (Santarém), e declarada insolvente na segunda-feira, receberam hoje a carta de despedimento, num dia “triste”, após reunião com o gestor de insolvência.

“É triste, não é fácil, mas também já não tenho nada a perder. Já fiz 44 anos de trabalho. Há colegas meus que estão em muito pior situação”, disse hoje à Lusa Alzira Cupertino, à saída da reunião que decorreu no interior da fábrica, tendo dado conta de que o gestor de insolvência assegurou aos trabalhadores o pagamento das respetivas indemnizações.

Segundo revelou, será feito um inventário “de todo o material existente, depois são as burocracias características e a venda de material. Na totalidade, até recebermos, o gestor diz que poderá demorar entre oito meses a um ano”, disse Alzira, residente em Amoreira (Abrantes), com a carta de despedimento numa mão e a incerteza no futuro na outra mão.

“Hoje já estou despedida, sim. Para já vou ficar no desemprego e depois, a seguir, talvez a reforma antecipada, se compensar”, declarou.

A empresa detentora da fábrica da Tupperware em Montalvo, Constância, foi declarada insolvente na segunda-feira pelo Tribunal Judicial da Comarca de Lisboa, desfecho que colocou hoje 200 pessoas no desemprego, com os trabalhadores a relatarem à Lusa um sentimento de resignação perante um “desfecho esperado” mas onde subsistia uma ténue esperança de continuidade da unidade fabril.

“Estamos despedidos, pronto. Já nos deram as cartas para o fundo de desemprego e tudo. Agora estão à espera para vender a fábrica. Sabemos que os primeiros credores somos nós, os trabalhadores. Em seguida são os outros, mas agora é esperar que vendam”, disse hoje à Lusa Carla, de 42 anos de idade e 24 anos de casa.

A agora ex-funcionária da multinacional norte americana, que reside em Alferrarede Velha, disse ser “importante” ter os papéis para o desemprego. “É o mais importante, porque este mês não vamos receber nada”, notou, tendo apontado a um processo indemnizatório que pode demorar um ano até se efetivar.

“Os trabalhadores têm agora 30 dias para reclamar os créditos [indemnizações por cada ano de trabalho], que é o que a advogada vai fazer. Passados esses 30 dias, vão ativar o Fundo de Garantia Salarial que, segundo o que dizem, dá uns 15 mil [euros] a quem tem direito, quem tem a receber mais será depois, e deu-nos mais ou menos a perspetiva de um ano” para o respetivo pagamento.

Questionada sobre o estado de espírito perante um despedimento coletivo, Carla disse ter “muita pena” deste desfecho. “Muita, muita pena. É muito triste entrar na fábrica e ver tudo parado, tudo às escuras. Foram 24 anos. Agora é esperar, ver se aparece alguma coisa”.

Cristina Brunheta, com 59 anos de idade e 22 de efetividade na Tupperware, saiu da empresa com um papel para entregar no fundo de desemprego mas sem perspetivas de futuro, sendo “nova para a reforma” mas antevendo “dificuldades” em regressar ao mercado de trabalho.

“Agora vamos entregar o papel para o desemprego. As indemnizações vamos ter que esperar que eles vendam e arranjem o dinheiro para nos pagarem. A partir daí dizem que nós estamos em primeiro lugar, como credores. Que somos os principais, os primeiros a receber quando houver dinheiro. Agora vamos ver o que é que isto vai dar”, declarou, revelando “incerteza” sobre o seu futuro.

“O meu futuro? Não sei. Ainda não sei. Está tudo para estudar, ainda não sei. Agora vou para o desemprego e o futuro é uma incerteza”, afirmou.

A representante do Sindicato das Indústrias Transformadoras (SITE CRSA), Isabel Matias, manteve-se ao longo da manhã junto da fábrica, tendo lamentado à Lusa o “despedimento de 200 pessoas”, a “incerteza no futuro”, e os “problemas sociais” inerentes, e realçado que os trabalhadores saíram “satisfeitos” da reunião pela garantia do pagamento dos seus direitos.

“Eles demonstram que estão satisfeitos porque, efetivamente, dizem que vão receber, são valores que, de facto, deixam a pessoa satisfeita. Mas, só depois de saber o que é que foi apresentado no tribunal, depois de fazer a petição inicial para o tribunal com os montantes, e depois de decorrido esse tempo todo, ainda vai haver também uma assembleia de credores. Portanto, só consoante o final é que a gente vai saber”, declarou, cautelosa.

Segundo Isabel Matias, “a esperança que há é de que, efetivamente, haja uma compra de empresa, que vá reabrir, e que vá chamando trabalhadores. Vamos ver. De facto, era a nossa expectativa e era o que nos agradava a todos”, concluiu.

A Tupperware – Indústria Lusitana de Artigos Domésticos, Lda, empresa que detém a fábrica em Montalvo, que já não produzia desde 08 de janeiro, foi declarada insolvente na segunda-feira, dia 10 de fevereiro, pelo Tribunal Judicial da Comarca de Lisboa.

Segundo pode ler-se na sentença do tribunal, “o prazo para a reclamação de credores foi fixado em 30 dias”, tendo sido nomeado Jorge Manuel e Seiça Dinis Calvete para administrador de insolvência.

A fábrica da Tupperware em Montalvo era controlada pela sociedade Tupperware Indústria Lusitana de Artigos Domésticos que, por sua vez, era detida em 74% pela Tupperware Portugal – Artigos Domésticos Unipessoal Lda e em 26% pela Tupperware Iberia.

Ambas as empresas dependem a 100% da casa-mãe sediada nos Estados Unidos – a Tupperware Brands Corporation.

A fábrica da multinacional Tupperware em Portugal, a funcionar desde 1980, dependia a 100% da casa-mãe norte-americana, vendida depois de em setembro ter entrado em falência, e os planos para o futuro não parecem passar pela Europa, uma vez que a empresa revogou a sua licença de venda de produtos em todos os países europeus.

A Lusa pediu informações à administração da fábrica instalada em Portugal, sem resposta até ao momento.

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