País
Elemento dos escuteiros afastado após menção no relatório de abusos da Igreja
Um elemento dos escuteiros foi afastado preventivamente pelo Corpo Nacional de Escutas (CNE) depois de ter sido identificado no relatório da Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais de Crianças na Igreja Católica, adianta hoje o organismo.
Em comunicado, o CNE revelou que o documento elaborado pela entidade coordenada pelo pedopsiquiatra Pedro Strecht inclui sete casos de alegados abusos sexuais associados aos escuteiros que ainda não eram do seu conhecimento, além de outras 19 situações que já existiam nos arquivos da instituição.
Sublinhando a colaboração com a Comissão Independente (CI) e a reunião realizada na última semana com membros da CI e do Grupo de Investigação Histórica – que aprofundou esse trabalho junto dos arquivos da Igreja -, o CNE esclareceu que, entre os sete casos reportados, um alegado agressor já morreu e outro já figurava nos registos de casos de abuso.
“Dos restantes cinco casos, dois parecem partilhar um alegado agressor comum que já não se encontra no ativo e um outro em que, fruto da colaboração direta de uma vítima que entrou em contacto com o CNE, foi decidido suspender preventivamente o alegado agressor; em ambas as situações está atualmente a decorrer o processo interno de averiguação, para decisão em sede de processo disciplinar e outras medidas consideradas pertinentes”, referiu.
Quanto aos outros dois casos, um terá acontecido em 1961 e o outro em 1978, nas dioceses de Lisboa e do Porto, mas, sustentou o CNE, “os dados obtidos não permitem, para já, identificar inequivocamente os alegados agressores”.
“Em ambos os casos, embora os alegados agressores sejam padres com ligações ao escutismo, a informação obtida indicia que os abusos sexuais não ocorreram em contexto de atividade escutista, informação que acreditamos já constar nas listas entregues pela Comissão Independente a cada diocese”, pode ler-se na nota divulgada.
O CNE assegurou ainda que dá prioridade ao cuidado “pelas vítimas do passado ou do presente” e que mantém a estrutura de apoio “Escutismo: Movimento Seguro”, através de um canal de denúncia disponível em https://ems.escutismo.pt, “não deixando de agir com diligência com os possíveis agressores”.
“Tudo queremos fazer para que o escutismo seja um lugar seguro, que cuida, acolhe e acompanha cada um dos seus membros, a começar pelos pequeninos”, acrescentou o CNE.
A Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais de Crianças na Igreja Católica validou 512 testemunhos, apontando, por extrapolação, para pelo menos 4.815 vítimas. Vinte e cinco casos foram enviados ao Ministério Público, que abriu 15 inquéritos, dos quais nove foram arquivados.
A comissão entregou à Conferência Episcopal Portuguesa uma lista de alegados abusadores, alguns no ativo, tendo esta remetido para as dioceses a decisão de afastamento de padres suspeitos de abusos.
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