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Cancro no pâncreas afeta cada vez mais os jovens. Álcool tabaco e alimentação são a causa

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A incidência do cancro do pâncreas tem aumentado e está a ser detetado em população com menos idade do que era habitual, disse o presidente do Clube Português do Pâncreas (CPP), Ricardo Rio Tinto.

O cancro no pâncreas, doença que afeta sobretudo pessoas com cerca de 70 anos ou mais, passou a ter um aumento significativo em doentes entre os 40 e os 50 anos e também na faixa dos 30 anos.

(continue a ler o artigo a seguir)


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“Não só a incidência global tem aumentado de forma importante, como tem havido deslocação do diagnóstico para idades mais jovens”, adiantou o presidente do CPP, secção da Sociedade Portuguesa de Gastrenterologia, a propósito do Dia Mundial do Pâncreas, assinalado a 18 de novembro.

Um cancro que “era raro”, está a tornar-se “mais frequente” e registou na última década um “aumento de 30%”, período durante o qual passou de 1200 a 1300 casos anuais para “próximo dos 1800 casos, e poderá ser mais”, segundo Ricardo Rio Tinto.

O tabagismo e o alcoolismo continuam a ser fatores de risco, tal como o histórico familiar, mas o médico que preside à CPP sublinhou existirem indícios de que as alterações no padrão do cancro do pâncreas estarão relacionadas com “fatores ambientais”, como a exposição a “substâncias carcinogénicas”, de fertilizantes e pesticidas a componentes do plástico, embora ainda não estejam determinados “os aspetos moleculares que levam ao aparecimento do tumor”.

“Os fatores genéticos não estão a mudar, o que está a mudar são os fatores ambientais”, salientou Ricardo Rio Tinto.

O gastrenterologista referiu que a “modificação do estilo alimentar”, através de um aumento do consumo de alimentos processados, ou conservados em recipientes sintéticos, pode ser outra das explicações e, além de ter reiterado os cuidados a ter com o álcool e com o tabaco, recomendou que se tenha uma alimentação “próxima da dieta mediterrânica”.

Ricardo Rio Tinto explicou que este tipo de dieta previne um conjunto de tumores, embora não exista “documentação científica muito clara” de que esteja diretamente relacionada com a incidência do cancro do pâncreas.

O médico e investigador salientou que, se por um lado a incidência está a aumentar, “a mortalidade não tem diminuído”.

A taxa de mortalidade ronda os 95% e menos de 20% dos doentes com tumor no pâncreas têm indicação para cirurgia, “os únicos que têm expectativa de cura”, embora 80% desses pacientes venham a falecer nos anos seguintes por causas relacionadas com a doença oncológica, de acordo com Ricardo Rio Tinto.

O clínico explicou que habitualmente é um tipo de cancro muito agressivo, normalmente detetado numa fase muito avançada, na maioria dos casos, e não há um exame de rastreio que permita diagnosticar a patologia numa fase precoce.

Ricardo Rio Tinto fez um paralelismo com o cancro da mama, em que há a possibilidade de a pessoa fazer um autoexame para procurar alguma irregularidade e existem exames de rastreio.

“O pâncreas, sendo um órgão que está relativamente escondido, o acesso, para fazer algum tipo de diagnóstico precoce, é muito difícil. Acresce que, além de estar escondido, está próximo de estruturas muito importantes”, acentuou o presidente da SPP.

Ricardo Rio Tinto pormenorizou que, no pâncreas, “tumores relativamente pequenos atingem estruturas muito importantes, ou vitais, com muita facilidade”.

Apesar de a maioria dos casos ser detetada num estado já avançado, o médico alertou para pequenos sinais, como alterações no metabolismo, perda de peso inexplicável, o aparecimento repentino de diabetes e monitorizar lesões consideradas pré-malignas no pâncreas, como quistos, que devem ser “avaliados e vigiados ao longo da vida”, além da necessidade de ter especial atenção se existem antecedentes familiares com a doença, situação em que deve ser definido um esquema de rastreio “adaptado a cada uma destas pessoas”.

“A incidência está a aumentar, a mortalidade não tem diminuído substancialmente, os sinais normalmente são avançados e não temos um bom rastreio”, sintetizou Ricardo Rio Tinto.

O médico acredita que o futuro vai passar pelas biópsias líquidas, a possibilidade de ser feita uma análise ao sangue que indique que a pessoa tem probabilidade de vir a desenvolver o tumor e depois acionar outras respostas mas, para já, “isso não existe”.

“Não existe nada baseado em evidência de que um teste aplicado à população em geral venha a diminuir a incidência da mortalidade”, constatou Ricardo Rio Tinto.

Com a covid-19, “os tumores em geral têm ficado esquecidos”, observou o médico, que apela para que quem note algum sintoma procure aconselhamento médico.

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